Primeira vez que venho num bar sozinha. Quer dizer, alguém vem me encontrar, mas aqui estou eu, sentada no balcão. Sem desviar o olhar do que escrevo agora. O ouvido atento esperando a vida encontrar minha caneta.Tem um porco na entrada e também um rapaz de boina. Ele grita alto. Empolgado, contando que sua mulher é vegetariana e que aqui eles vendem free hot dogs.
O bartender toca no ombro da cliente, a fuzila com o olhar: that’s on me. Também sou fuzilada, à esquerda. Ele é lindo, eu vi. Já deve ser a quarta cerveja nesses dez minutos que estou aqui.
Meu olhar continua preso no que escrevo. O meio sorriso não esconde como me sinto. Hoje é quarta feira. Minha última semana. Parece que quero fazer tudo o que ainda não fiz. New York tem dessas. A vida é assim.
O alvo fui eu agora. Ou ele só foi simpático? Perguntou se estou bem. Aparentemente pareço triste. Disse que estou escrevendo e e ele pareceu não ligar.
Quem eu esperava chegou. Conversamos. “O que tem o Brasil?”. Sou brasileiro. Sim, o bartender. Mais tarde me pagou uma cerveja.
Agora estou aqui no metrô. Esperando meu trem. Há uma hora atrás estava na cama dele. E meia hora antes, no rio. Foi bom. Mas não o suficiente.
16 de dezembro de 2021 | 00:14